segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

adiamento

podem vir de várias terras
podem vir de vários tempos
que a dança é a mesma


podem vir de intervalos
podem vir de crenças
que a dança é a mesma


é a dança do poder
dos impérios governados
das cimeiras infinitas
dos amores satisfeitos
dos famintos lucrativos
dos neuróticos somíticos


épocas sempre na mesma dança.


onde está a mão aberta? 


ah..
a dança do poder
do homem que inventa
ainda haver esperança
quando o poder é quem dança
o pobre se cansa
tapando a mão 
da sua andança.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

um tango na tua boca

  nostalgicamente decai o manto agrafado na mente.

horripilações transitam a pele provocando instantes aspirações.


as veias engrossam afectos invisíveis. 


e neste momento desvisto a língua


 namoricando assim um tango


 no céu da tua boca.

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

just so

..."um brinde ao sol
para as coisas que nunca vão
ao romper do dia
isso é tudo que eu digo..."    
                                                    

sábado, 19 de novembro de 2011

posição do leitor


O leitor, fechado no parênteses, lê o capítulo em branco,
a respiração da cidade submarina de onde os rios se precipitam e se cruzam desviados aqui, obedecendo contudo às margens que os contêm, obedecendo por quanto tempo, por quanto tempo ainda, a esse lugar irónico onde as mãos de leitor procuram abrir a sua própria história dividida vindo.


Como se olhando vigilantemente a porta levantasse a tábua do chão e buscasse os despojos do crime, o dinheiro e o relógio e a arma, e depois desistisse de cavar sob a casa em equilíbrio difícil sobre o chão correr vertiginosamente para essas marcas onde o futuro já se marca; para o futuro! para o  futuro!


Estas marcas e, contudo, ainda tudo é indeciso; o leitor tem ainda duas mãos enormes que crescem percorrendo o que o espera e não espera, fazendo isto e aquilo, porque algures por essa diferença que pulsa no parênteses poderá passar isso, sempre a caminho do fim da pré-história. Asfixiado, foge e não foge, oscila e uiva, afasta e aproxima as fronteiras, folheia -as e dobra-as umas sobre as outras, e assim as frases e o país rolam, alteram-se as suas várias camadas, revolucionam-se os fósseis, as estrelas mortas, as raízes, e entretanto o parênteses vai pulsando, dilatando-se e diminuindo, acendendo-se como um coração, desejo que se adia e adia o leitor.

_Manuel Gusmão_

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

futuridade

    _Giacomo Balla_ 
                                                                               

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Cantos da Babilónia

  

no meio desta raça que cultivamos que critério tem, nós?
só seremos livres quando todas as partes se unirem.

sábado, 12 de novembro de 2011

sábado, 5 de novembro de 2011

um momento

um momento...
as palavras eficientes no sentido pretendido
sem sentido no olhar que transportam.
saudáveis.
capazes de criar das mãos a razão fundamental das palavras...
neste momento
consentido te assento.


olho que se vê a si próprio


também assobiando...entre o dorso pouso as asas, caminho devagar porque não tenho pressa de levantar voo!

terça-feira, 1 de novembro de 2011

mais um dia...

...quieto.
os dedos no carvão
a música como inspiração.

mística

_ foto de, Antonio Cunha, na "IllustraçãoPortuguesa" a 09 outubro 1905_

um morador desta zona, já me tinha dito que em tempos o rio que ali desaguava, corria entre pomares de macieiras, levando a fruta madura até à praia, atestando-a. e desta forma lhe ficou o nome, praia das maças.
agora o que não me contou, foram algumas das suas lendas. talvez para não me assustar de cada vez que lhe faço uma visista, visto que aquele território está repleto de misticismo. muito mais a mim, que me atrai!


como esta...

" era uma mãe que tinha 3 filhas e isso passava-se num lugar na praia das maças que se chamava 3 Marias, que é uma praia chamada as 3 Marias. e a casa chamava-se a casa das 3 Marias. e uma filha era Ana Maria, Joana Maria, e outra Teresa Maria, e essa mãe tinha uma ligação esquisita com as forças ocultas. só que entretanto ela não queria que as filhas participassem nessa actividade porque via que era saudável para as filhas. então colocava as filhas nessa casa(que já era abandonada). e as filhas iam lá dormir enquanto a mãe ia a Sintra, que é um local tipicamente setânicoo digamos assim. e ia lá fazer os seus rituais. só que entretanto o "inimigo" não queria só ter contacto com a mãe queria ter contacto com as filhas também e começou então a falar através de espíritos aquela casa. e as meninas dormiam lá. então a casa começou a ficar assombrada. por causa dos rituais da mãe e por causa delas, que são as 3 Marias.

- contam que elas nunca mais foram vistas, nem a mãe só que a casa continua lá e está assombrada. certas pessoas disseram que aconteceram experiências com elas dentro dessa casa ou ao passar na casa ouviram barulhos. mas eu sinceramente, nunca ouvi nada."

_ lenda retirada em, ceao@ualg.pt_


- eu também nuca ouvi nenhum barulho esquisito, a não ser as batidas do meu coração!

domingo, 30 de outubro de 2011

vida vivida!

     ..."onde o mundo é o tempo e o amor é apenas um porém..." _Harry Belafonte_

sábado, 29 de outubro de 2011

a natureza e os seus matizes










"Teodorico a as Mães Cegonhas"

Ana Zanatti, neste seu novo livro, apresenta de uma forma suave e afectuosa, a parentalidade e a adoção.


um livro, na minha opinião, não só indicado para as crianças mas principalmente para os pais,avós, tios..adultos!
pois não são as crianças que nascem preconceituosas mas sim os adultos que transmitem e criam as desigualdades.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

realidades

não sei quem é o autor/a deste pensamento. acabou de chegar-me às mãos e achei interessante.

"Dê valor as pessoas enquanto elas estão por perto.
Saudade não será motivo o suficiente para que elas voltem."

também me chegou aos ouvidos, Feist e o seu novo álbum, "Metals". todo envolvido pela natureza, com um toque de jazz à mistura. o que faz aprecia-los mais.

domingo, 23 de outubro de 2011

contrariar

já que o domingo acordou cinzento com vontade de soltar choro, o melhor é saltar para este comércio e dançar também :)

bom domingo.

sábado, 22 de outubro de 2011

caixinhas embaladas

o bater do íntimo
são unicamente
ondas
onde cresce
este sonho azul.




                           porque não me vês
                           neste sonho azul
                          onde as ondas
                          são só
                          o bater do íntimo!

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

21 de outubro- dia do juízo final

http://youtu.be/9YoMJQPYvHQ - será que este senhor acredita nas suas palavras?
invertindo - será que ainda há pessoas acreditando neste senhor? e outros como este senhor?

INACEITÁVEL!

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

desmedida

"sede firmes, e que as vossas mãos não se enfraqueçam, pois as vossas acções terão a sua recompensa."

                                                        _ Textos Bíblicos_

Hino contra a Pobreza. Associação CAIS.

acredito genuinamente na recompensa. sempre que dou, recebo. se não for pela pessoa a quem ofereci, será por uma outra, (e quase sempre acontece assim...)

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

dis(forme)


o espelho não mente
mesmo que finte o tempo.
como as palavras não exibem
as curvas do pensamento.

terça-feira, 18 de outubro de 2011

bel-prazer


..."sabes que isto da cultura precisa de muito treino. a sensibilidade artística também se educa e, é gradual...
embora cada pessoa já se incline para certo tipo de arte." continua...

domingo, 16 de outubro de 2011

sábado, 15 de outubro de 2011

Movimento Contra o Linfoma

todos estamos sujeitos..
são estes factos que aclaram o meu espírito, arregaçando as mangas e correr para a rua..
no percurso transportar tudo que é importante; os perfumes desiguais dos campos, o olhar puro de uma criança, as mãos calejadas de um idoso, o sol nascendo da boca...a lua obesa de luz, palavras vindas da labuta... e um coração elevado.

o restante, são insignificantes plano-gramas reproduzidos a favor do ego.



sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Autista, quem...? Eu?


"Um romance quase autobiográfico cheio de emoções, com uma linguagem simples e sensível, que nos conduz para um mundo que não conhecemos e que nos é desvendado entre lágrimas e sorrisos."


                  http://www.centralivros.pt/

"...o sofrimento dá-nos uma perspectiva de vida que não está em nenhum livro de instruções..." Este livro é uma extraordinária lição de vida. Para pais, profissionais, para todos. Eu aprendi muito...
                                                                            Karin Dias (Neurologista Pediátrica)

eu também estou grata.
há outras realidades para além da nossa.


quinta-feira, 13 de outubro de 2011

encarar a realidade

depois destas "novas" medidas apresentadas hoje pelo Sr. Ministro, só me apetecia ser criança...mas, não sou.


quarta-feira, 12 de outubro de 2011

terça-feira, 11 de outubro de 2011




há dias em que o imaginário do passado assombra-me o real do presente.
o zumbir do vento dirige visões cruzadas entre o preferido e o detestado; a lembraça e a recusa, o princípio e o fim.
Saudades...

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

agrupado

As Virtudes de Cada Um
Não despreso os homens. Se o fizesse não teria direito algum nem razão alguma para tentar governá-los. Sei que são vãos, ignorantes, ávidos, inquietos, capazes de quase tudo para triunfar, para se fazer valer, mesmo aos seus próprios olhos, ou simplesmente para evitar o sofrimento. Sei muito bem: sou como eles, pelo menos momentaneamente, ou poderia tê-lo sido. Entre outrem e eu, as diferenças que distingo são demasiado insignificantes pra que a minha atitude se afaste tanto da fria superioridade do filósofo como da arrogância de César. Os mais opacos dos homens também têm os seus clarões: este assassino toca correctamente flauta; este contramestre que dilacera o dorso dos escravos com chicotadas é talvez um bom filho; este idiota partilharia comigo o seu último bocado de pão. Há poucos a quem não possa ensinar-se convenientemente alguma coisa. O nosso grande erro é querer encontrar em cada um, em especial, as virtudes que ele não tem e desinteressarmo-nos de cultivar as que ele possui.

_ Marguerite Yourcenar, in "Memórias de Adriano"
    

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

construção


caso me encontres, as pedras pisadas:
enfurecidas
magoadas
partidas
tremidas...
é o caminho certo do que sou.
agora...

enfurecida
magoada
partida
tremida...
é o caminho incerto para onde vou.

se me encontrares saberás:
não fui..
estou.

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

vanguedades

                                           _ Cruz de Santiago_ (tirada da net)

    " ...ela simboliza o apóstolo defensor dos cristãos na guerra da Reconquista."


uma cadeira plastica, um gata contente, um sol de pleno verão, uma varanda aberta, um livro de Rosália de Castro, foram a companhia de uma belíssima tarde.
o que tem isto a ver com a República?
talvez bastante, talvez pouco, talvez nada... mas foi a República que me levou até esta Poetisa Galega.


Bem sei que não há nada de
Novo sob o céu,
Que antes outros pensaram
As cousas que ora eu penso.

Bem, para que escrevo?
Bem, porque somos assim:
Relógios que repetem
Eternamente o mesmo.


Tal como as nuvens
Que impele o vento,
E ora assombram, e ora alegram
Os espaços imensos do céu,
Assim as idéias
Loucas qu´eu tenho,
As imagens de múltiplas formas,
D´estranhas feituras, de cores incertas,
Ora assombram,
Ora aclaram
O fundo sem fundo do meu pensamento.

_Rosália de Castro_


terça-feira, 4 de outubro de 2011

terapia do elogio

Terapeutas que trabalham com famílias, divulgaram numa recente pesquisa que os membros das famílias estão cada vez mais frios, mais distantes, o carinho é cada vez menos, não se valorizam as qualidades, facilmente se ouvem críticas.
As pessoas estão cada vez mais intolerantes e desgastam-se na valorização dos defeitos dos outros.
... A ausência de elogio está cada vez mais presente nas famílias. Não vemos mais os homens a elogiar as suas mulheres ou vice-versa, não vemos os chefes a elogiar o trabalho de seus subordinados, não vemos mais pais e filhos a elogiar-se; etc.
Só vemos futilidades: valorizam-se artistas, cantores, jogadores, pessoas que usam a imagem para ganhar dinheiro e que, por consequência, são pessoas que tem a obrigação de cuidar do corpo, do rosto, das aparências.
A ausência de elogio afecta muito as pessoas e as famílias.
Há falta de diálogo nos lares. O orgulho e a agitação da vida impede que as pessoas digam o que sentem. Depois despejam-se essas carências nos consultórios.
Acabam-se casamentos, alguns procurando noutra pessoa o que não conseguem dentro de casa.
Vamos começar a valorizar as nossas famílias, os nossos amigos, alunos ou subordinados.
Vamos elogiar o bom profissional, a boa atitude, a ética, a beleza do parceiro ou parceira, o comportamento de nossos filhos.
O bom profissional gosta de ser reconhecido, o bom filho fica feliz por ser louvado, o pai e a boa mãe sentem-se bem ao serem amados e amparados.
O amigo quer sentir-se querido.
Vivemos numa sociedade em que cada um precisa do outro; é impossível uma pessoa viver sozinha e sentir-se feliz. Os elogios são forte motivação na vida de cada um.
Quantas pessoas posso fazer hoje feliz elogiando-as de alguma forma?

Arthur Nogueira (Psicólogo)

terça-feira, 27 de setembro de 2011

simpatias

não sou ligada à astrologia de uma forma devotada ou assídua. nem tão pouco acredito nos astros ou na sua influência. mas admito, »por estudo« que há características semelhantes de pessoas do mesmo signo. no entanto, como cada pessoa tem sua própria construção, as reacções são diferentes. (isto é a minha observação, básica, sobre o assunto.)

conclusão, apesar de não ligar aos astros, seduz-me a astróloga Vera Xavier, onde de quando em vez, faço uma visita. porque? a Verinha, (espero que não se incomode por trata-la assim, carinhosamente) tem uma forma muito particular de escrever. de transmitir para o leitor o seu propósito. incentivando-o, sem obrigação, - esta é a porção que acho mais interessante- à reflexão, à auto-análise.
e ainda, consegue dar-nos nas orelhas, subtilmente! :)


hoje foi o que me trouxe a sebenta. tentando diariamente familiarizar-me com as palavras.

e...dias úteis :)

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Só por existir



...parecia um inseto no meio daquelas flores. agradáveis, atraentes, aromas abertos...
mesmo aquelas que pareciam não ter cheiro, continham suficientes quantidades de natureza envolvente.
- imaginar que as plantas produzem cores e adores para atrair insetos "e pessoas como eu"também pela sua forma!
parecia uma abelha Andrena, traída pela flor da orquídea do Ophrus. faltava-me a minha espécie para o acasalamento!
cortei meia dúzia delas, as que precisavam ser salvas. embalei-as nos braços.
parei. olhei a meu lado...Só.

oh, larus!

domingo, 25 de setembro de 2011

Larus e Sebenta encontraram-se hoje. criaram um lado onde ambos se unem.
Larus, trás a imagem nas asas. Sebenta, grafa o olhar.

até já, no mesmo lado.